No encontro terminamos nosso breve relato sobre o Evangelho, sendo que neste encontro já adentraremos na homilia.
Se um homem do povo pegar a Constituição Brasileira e a ler todinha, pouca coisa ele vai entender. Se uma pessoa qualquer pegar o projeto de um edifício com todos aqueles cálculos, também terá muitas dúvidas. Assim acontece com a Bíblia Sagrada. Precisamos de quem a explique. Os próprios Apóstolos, depois de ouvirem as parábolas pediam a Jesus que lhes explicasse o que elas queriam dizer.
Há uma passagem da Bíblia que mostra como é essa explicação ou homilia. É o caso do ministro da rainha Candace, da Etiópia, que descia de Jerusalém a Gaza. Ele tinha ido ao templo para adorar a Deus e voltava lendo a Sagrada Escritura no trecho do profeta Isaías, que diz: “Como ovelha foi levado ao matadouro. E, como cordeiro mudo diante de quem o tosquia, ele não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi consumado o seu julgamento. Quem poderá contar a sua descendência? Pois a sua vida foi irada da terra”.
Inspirado por Deus, Filipe aproximou-se da carruagem e perguntou ao ministro: “Porventura entendes o que estás lendo? Respondeu-lhes o etíope: Como é que posso entender, se não há ninguém que me explique?” E pediu a Filipe que subisse ao carro, sentasse ao lado dele e lhe explicasse aquele trecho. Então Filipe explicou que aquela profecia referia-se a Jesus Cristo, levado ao martírio da Cruz. Nessa hora a graça de Deus moveu o ministro para a fé em Jesus, e ele pediu o Batismo. Havia ali uma água corrente. Eles pararam e Filipe o batizou (Cf. At 8, 26-38).
A homilia é isso: a interpretação de uma profecia ou a explicação de um texto bíblico. É difícil entender hoje aquilo que foi dito há muitos séculos. Cada época tem seus costumes e sua linguagem. No tempo de Jesus, a mentalidade era outra. E a língua também. Para entendermos o que foi dito por Ele, precisamos estudar os costumes e a língua daquela época. E só isso não basta. A Bíblia não é um Livro de sabedoria humana, mas de inspiração divina. Precisamos da graça de Deus. Quem faz a homilia fala oficialmente em nome da Igreja, movido pelo Espirito Santo, como foi o diácono Filipe.
O sacerdote é esse “homem de Deus”. Na homilia, ele “atualiza” o que foi dito há dois mil anos. Diz o que Deus está querendo “hoje” com aquela mensagem proclamada àquela comunidade ali presente. E os fiéis não devem levar em conta a pessoa do padre, em si, com seus defeitos, mas o próprio Cristo, que disse a seus discípulos: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16).
Durante a homilia a assembleia deve ficar sentada e atenta a explicação/reflexão que está sendo realizada.
Fontes: A missa parte por parte, Pe. Luiz Cechinato, editora Vozes, 40ª edição, 2008.
Missal Romano, 4ª Edição, Editora Paulus.