Jesus rompeu o muro da morte no nosso chão existencial, e de retorno ao Pai Eterno, faz da sua igreja uma comunidade Instituída (histórica a concretizar-se no tempo e no mundo), ao mesmo tempo que Misteriosa (escatológica, estigmatizada pelo sagrado e eivada do anseio sobrenatural de vida eterna.
A igreja, então dá os primeiros passos na História da Salvação. Recebe de Jesus a Missão de “ensinar” todos os povos (universalmente): “Eúntes...docete1 omnes gentes...( a partir de então, “Ide; Ensinai todos os povos ...”) para que sigam o “Meu delineamento substancial”, uma vez que os destinatários se encontram em todos os confins do universo. É necessário que haja o Intérprete-testemunha por excelência para dar assistência à sublime Missão: “Enviarei o Espírito Santo da Verdade, o Paráclito”.
- A história da salvação deve ser, mais do que qualquer outra história, “bem contada”! Pois, quando narrada descomprometidamente poderá gerar em nós discípulos, um contrassenso de firmeza no Magistério da Igreja, e resulta na prática da oligopistia (fé vacilante) que distancia o discernimento do que é trigo e do que é joio...
“Vamos oprimir o pobre e o justo”
“Vamos oprimir o pobre e o justo” – Uma leitura do livro da Sabedoria 1,16-2,20
Introdução
O relatório preliminar do ano de 2017 da Comissão Pastoral da Terra (CPT) indica que, naquele ano, 65 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo. Por exemplo, em Colniza, no Mato Grosso, em abril, nove posseiros e agricultores foram executados. Em Pau D’Arco, no Pará, em maio, foram assassinados dez trabalhadores rurais. Em Vilhena, Rondônia, três trabalhadores rurais foram mortos. E já em 2018, no dia 24 de janeiro, um líder do MST foi assassinado em Iramaia, na Chapada Diamantina, interior da Bahia.
Aqueles que reivindicam seus direitos continuam sendo ameaçados e eliminados. Mas isso é divulgado somente pela imprensa local e não chega ao conhecimento da maioria da população brasileira. O pior é que alguns insultam e caluniam as pessoas assassinadas, tachando-as de bandalheiras e insurgentes.
SANGUE FECUNDO
Nosso sangue é formado por glóbulos vermelhos e glóbulos brancos. Os vermelhos, em maior quantidade, são constituídos de hemoglobina, que são responsáveis pela cor rubra do sangue. Mas o que nos interessa mais nessa reflexão é que a hemoglobina, grosso modo, é a responsável pelo transporte do oxigênio do ar para todas as células de nosso corpo. Aqui vem a beleza da coisa: o ar é o elemento do sopro e o sopro é o ruah do hebraico, ou o pneuma do grego, ou ainda o spiritus do latim. Isso é, o Espírito é o sopro de Deus em nós. Mas para que esse sopro seja levado até as rincões mais distantes e desconhecidos do nosso corpo, é necessário um transportador. E esse transportador é o sangue.
O sangue é, portanto, sinal de vida. Quando vemos nossos irmãos coptas (que significa egípcios) derramando seu sangue dentro de um templo cristão, sabemos que ali, ao contrário do que pensam muitos, florescerão rosas. Rosas de amor. Rosas de nosso Deus. O Senhor, no madeiro da cruz, derramou seu sangue, também para que a humanidade compreendesse que o sangue expulso do corpo mata o físico, mas não mata um ideal. Os primeiros mártires cristãos são testemunhas disso. A Igreja cresceu sem cessar por causa deles! Germinou o jardim onde seiva é vermelha.
JESUS E O MUNDO DA PÓS-VERDADE
No mundo da pós-verdade, construímos nossas convicções sobre areia movediça. Já não há solidez nas informações que lemos. Sempre citamos os recortes que nos agradam e com isso vai se criando um ciclo vicioso em que minha tese retroalimenta uma verdade virtual defendida por mim e por uma tribo formada por um pensamento que pode ser, inclusive, uma grande mentira.
Nesse ciclo, o perigo é se fechar a tal ponto de não admitir o contraditório. O diferente nos leva a uma reflexão que nos faz enxergar melhor a verdade (ela existe?). Hoje, passamos a ser torcedores da vida. Torcemos por um time, por uma ideologia, por um partido político/politiqueiro, por um anônimo de um reality show (ainda existe isso?). Assim, defendemos com unhas e dentes uma verdade criada no imaginário de um grupo.
AMAR COMO O OUTRO DESEJA SER AMADO
Estava pensando nesses dias sobre uma "regra de ouro" comumente evocada na formação moral de crianças e adolescentes, com plena eficácia também para adultos. Ela diz: "trate o outro como você gostaria de ser tratado". Tem seu mérito, mas é preciso cuidado. Sua aplicação indiscriminada pode ser desastrosa em nosso mundo atual. Por que digo isso? Porque estamos em um mundo em que os valores podem se distinguir inclusive na menor (quantitativamente) das sociedades: a família.
E é justamente na família que aprendemos a lidar com isso. Quem de nós nunca ganhou um presente da namorada, do namorado, que nos deixou em situação constrangedora?