Tenho visto tantas publicações com incentivos ao "solitarismo"! Sim, daquelas: "se afaste de todos que te fazem se sentir mal!" ou "Aqueles que não concordam comigo, que se danem" ou ainda "Os idiotas que se retirem"... aí comecei a refletir se estamos mesmo construindo uma sociedade. Ou seria o fim da era da sociedade? O indivíduo hoje é tão cultuado que o individualismo se torna um valor. Mas será que é assim mesmo? Será que é essa a nossa razão de viver? Para que serve a sua, a minha, a nossa estada nesse mundo? Para sermos felizes? Sim, para sermos felizes... mas a questão é o que nos faz felizes...
Comecei olhando para cruz... Jesus foi glorificado no madeiro. Que contradição! Contradição com nosso conceito de felicidade. Jesus fazia a vontade do Pai naquele momento. Sua felicidade era essa. Sofrido, dilacerado, pregado na cruz... foi esse o conselho de Jesus para gerar felicidade? Certamente esse foi um episódio que marcou as nossas vidas. Marcou nossa cultura. Marcou nossa fé. Agora, revisitando esse momento de dor, olho para cruz e vejo suas duas dimensões. A cruz não tem apenas o formato de uma estaca, ligada ao chão. Ela também tem o patíbulo. Sim, ela nos mostra que os braços de Jesus se estendem aos irmãos. Por isso penso que essa onda de individualismo é uma forma de negar a Cristo. De rejeitar sua morte.
Fomos feitos para uma vida no "nós" e não para uma vida no "eu". O outro que me interpela, é um filho de Deus. Desprezá-lo seria o que? Amar a Deus significa seguir os passos de Jesus. E Jesus nos faz amar a Deus e, por consequência, amar o irmão. Mais complexo ainda: amar o inimigo. Isso é, querer seu bem, querer que ele deixe de fazer a maldade que me dilacera, que me corta, que me crucifica. Amar o inimigo não significa desprezá-lo. Significa acolhê-lo em suas dificuldades, pois nós mesmos não somos perfeitos. Penso que o caminho para uma sociedade, uma vida no "nós" é o diálogo. O diálogo que gera vida, que gera amor, que gera fraternidade. Mas para haver diálogo, é preciso que as verdades distintas dos interlocutores sejam postas de lado. Isso pode gerar para ambos um crescimento. Se não sou capaz de baixar a minha verdade, nem que seja por uns instantes, não saberei dialogar... e A Verdade única, que é o próprio Jesus, não estará em nosso meio.
A chave do "nós" está no diálogo. É essa mesma chave que abre os corações e nos permite sermos felizes. E TUDO emana do exemplo da cruz. Lá onde quase ninguém quer ir... quando abraçada com amor, se torna instrumento de salvação, de amor e de fraternidade.
Que vença o diálogo. Que vença o amor. Jesus acima de tudo!
