Logo depois de professar que Jesus é “o Messias, o Filho do Deus vivo”, Pedro demonstra que ainda não havia compreendido a missão do Mestre. Missão de servo sofredor, de quem vem para assumir as dores da humanidade, para compadecer-se dos sofredores e abrir a todos o caminho da vida plena.
Ao repreender Jesus, Pedro se faz porta-voz de todos os que esperam um messias poderoso e triunfante, que tome o poder dos opressores e restaure com seu exército o reino de Davi.
O caminho de Jesus, porém, não é o caminho do poder e da força bruta. É o caminho do sofrimento e da compaixão, da mudança de mentalidade que leva a entregar a própria vida.
Facilmente podemos assumir a atitude de Pedro, querendo que Jesus atenda às nossas expectativas, ao nosso modo de pensar. Mas os discípulos é que seguem os passos do Mestre, e não o contrário. Querer que Jesus siga um modo de pensar meramente humano significa tornar-se Satanás, inimigo, adversário de Deus, em vez de seguidor e aprendiz do Mestre.
Pensar as coisas de Deus, ao invés, é converter-se à lógica do reinado de Deus, é mudar de mentalidade e compreender que o único caminho para ganhar a vida é doar-se pela mesma causa de Jesus. Pois só encontra a vida quem se perde na paixão pela humanidade, deixando-se interpelar pela miséria dos irmãos desfigurados em sua dignidade, sofrendo com os que sofrem, entregando a própria vida para que outros possam ter mais vida.
Tomar a própria cruz, portanto, não é simplesmente sofrer, porque Jesus não quer sofredores sem causa. Ser discípulos e tomar a própria cruz significa sofrer as consequências de ter assumido a mesma missão de Jesus, no serviço e na entrega da vida pelos outros. Percorrendo este caminho é que nossa vida ganha sentido.
paulus.com.br | Pe. Paulo Bazaglia, ssp